segunda-feira, 25 de setembro de 2017

CORUCHE: UM BRINDE (A “PEITAÇA) COM SABOR A TRIUNFO (DE ROUXINOL JR.)!

Coruche, 24 de Setembro de 2017
Por: Catarina Bexiga

A tarde teve um nome: Rui Godinho “Peitaça”. Ao fim de 20 anos, despediu-se das arenas, depois de uma trajectória de paixão e dedicação aos Amadores de Coruche. A empresa De Caras e Tauromaquia disponibilizou 2.000 bilhetes a um preço acessível e a afición da Capital do Sorraia esteve com ele! Disposta a acarinhá-lo e a ovacioná-lo! Testemunho de uma história recheada de simplicidade, mas de enorme gratidão!

O curro de Palha saiu díspar de apresentação, mas transmitiu emoção, porque teve mobilidade, porque teve exigências… Toiros com personalidade, cada um com as virtudes e defeitos próprios da casta, mas para se os entender e tourear! Daqueles que não permitem “triunfos caseiros…”

Luís Rouxinol Jr. foi um verdadeiro “oásis no deserto”. Deu importância ao que fez, com argumentos, com o toureio sério por diante, e sempre pendente do elemento principal, o Toiro… Aliado a tudo isto, uma ambição sem limites. Começou com o “Aquiles” seguindo-se uma grande serie de curtos com o “Amoroso”. Venceu o prémio em disputa!
Os restantes intervenientes, pouco acrescentaram à tarde. Gilberto Filipe e António Maria Brito Paes andaram vulgares; Francisco Palha teve um grande inicio de actuação, mas sem continuidade; Miguel Moura e Parreirita Cigano andaram sem consistência.

Pelos Amadores de Coruche, pegaram João Ferreira à primeira, com uma grande primeira ajuda – pega que venceu o prémio em disputa – Rui Godinho “Peitaça” à segunda superiormente ajudado pelo grupo e António Macedo Tomás à primeira. Pelos Amadores da Chamusca foram solistas Hélder Delgado à segunda tentativa, com outra grande primeira ajuda, Mário Ferreira Duarte à segunda e Luís Isidro à terceira.

Foto: Monica Santa Barbara

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

3.º DA FEIRA DA MOITA – MAIS PARECIA A “TERCEIRA GUERRA MUNDIAL”…

Moita, 14 de Setembro 2017
Por: Catarina Bexiga

Nem me apetece lembrar e muito menos escrever. Foram quatro penosas horas… que não passavam, que não aqueciam, que não acabavam. Os toiros de Veiga Teixeira – com média de 600 Kg – impuseram respeito, pediram cavaleiros com recursos, que lhes aguentassem as investidas mais duras ou que lhes pisassem os terrenos mais pesados … Que os soubessem tourear!
Do cartel fizeram parte António Ribeiro Telles, Rui Fernandes e Filipe Gonçalves; e foi o cavaleiro da Torrinha o mais “sobrado” dos três. Hoje o Toureio a Cavalo vive, mais que nunca, de “números” e quando sai o toiro exigente, como os de Veiga Teixeira, revelam-se as carências…

A meio do espectáculo, o amador Joaquim Brito Paes esteve correcto com um novilho de Paulo Caetano.

Para o Aposento da Moita, a noite de ontem mais parecia a “Terceira Guerra Mundial”. Os toiros de Veiga Teixeira maltrataram os homens da jaqueta de ramagens, que só a sesgo conseguiram resolver. Foram caras José Henriques à quarta tentativa, João Vasco Ventura à terceira, Martim Afonso dobrou Salvador Pinto Coelho à sexta, Ruben Serafim à quarta, José Maria Bettencout à quinta e Luís Fera dobrou Miguel Fernandes à terceira. O novilho lidado a meio do espectáculo foi pegado por João Gomes à segunda tentativa.

Uma noite sem ritmo, sem brilho, sem nada! Assim, não há afición que resista…

Foto: Pedro Batalha

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

1.ª DA FEIRA DA MOITA: O TEMPLE DE CASTELLA…

Moita, 12 de Setembro 2017
Por: Catarina Bexiga

Sebastian Castella argumentou na “Daniel do Nascimento” o seu toureio templado. Aquele que não está ao alcance de todos! Um dom natural, que todos anseiam, todos procuram, mas nem todos nascem com ele. Os toiros de Paulo Caetano careceram de trapio para uma praça de toiros de primeira categoria, como a da Moita, e para uma das Feiras Taurinas mais importantes do país. Ao primeiro de Castella faltou importância. Nos derechazos iniciais, o francês mimou as investidas, templando-as, aproveitou a sua bondade, mas depois a falta de raça fez com que as intenções se diluíssem. Castella manteve a mesma atitude com o segundo. Na fase inicial da faena, ergueu como bandeira, a quietude; e pelo pitón direito, com o toiro a investir com mais som, conseguiu bons muletazos, templadíssimos, a gosto, a sabor, fazendo-nos sentir o mesmo. De capote, o saludo capotero, em ambos do lote, teve eco. Relevo para o quite de tafalleras no primeiro e para as chicuelinas no segundo.

O novilheiro Joaquim Ribeiro “Cuqui” levava no esportón a entrega e a disposição que quem precisa de definir a sua vida. Não ajudaram as investidas rebrincadas do seu primeiro, como não ajudou o vento, mas com animo o novilheiro superou as adversidades. Melhores condições teve o segundo do seu lote, mas também mais exigente foram as investidas. A espaços, encontrou-se, mas sem romper em definitivo. Fábio Machado, Claúdio Miguel e João Ferreira brilharam no tercio de bandarilhas.

A cavalo actuaram Rouxinol pai e filho. Ao primeiro tocou um Palha complicado, mas com ofício o veterano cavaleiro resolveu a tarefa; ao mais novo da dinastia, tocou um colaborador Oliveira Irmãos, que aproveitando a “buena-racha” que atravessa – montado no “Amoroso” – soube construir uma actuação vibrante e vistosa.


Pelos Amadores da Moita pegaram Fábio Silva à primeira e Luís Lourenço à segunda. 

Foto: João Silva

domingo, 10 de setembro de 2017

CAMPO PEQUENO: DIAS GOMES IMPÕE-SE! O QUE MAIS PRECISAM DE JUSTIFICAR OS NOSSOS MATADORES?

Artigo de Opinião
Por: Catarina Bexiga

A revitalização do Toureio a Pé, no nosso país, não passa apenas pela contratação das grandes Figuras; não passa apenas pelo entusiasmo que despertaram Padilla, Morante, Juli ou Roca Rey … pois a “resposta” dos matadores portugueses merece - da parte de todos - maior atenção. Centremo-nos em Manuel Dias Gomes, em 2016 e 2017, nas duas corridas em que toureou ao lado do mediático “Ciclón de Jerez” no Campo Pequeno; ou nas actuações de António João Ferreira, nas mesmas temporadas, na centenária Palha Blanco. O que mais precisam de justificar os nossos matadores?

Na última nocturna na Capital, Manuel Dias Gomes deu sobrados motivos aos aficionados para nele acreditarem. Já o fizera mais vezes, mas em 2017 apenas lhe valeu a contratação para as corridas do Cartaxo, Figueira da Foz, Tomar e a repetição em Lisboa. Manuel Dias Gomes é, actualmente, um toureio responsabilizado com a sua profissão; que tem vindo a evolucionar e a amadurecer. Um toureiro com gosto que nos consegue fazer desfrutar. Com plenas capacidades para rivalizar…

Pelo mesmo trilho anda António João Ferreira. Dos três jovens matadores no activo é o que mais tempo de Alternativa leva no esportón, nove anos! Os seus triunfos são marcos de cada temporada, triunfos sérios, triunfos caros, mas sem eco no ano seguinte... Em 2016 apenas se vestiu de luzes em Outubro em Vila Franca; e em 2017 de novo em Vila Franca, Figueira da Foz e Nave de Haver. Alguém sobrevive com três contractos?

A fazer campanha no Perú, Nuno Casquinha é outro dos nomes que merece reflexão, pela sua trajectória; pelos obstáculos que tem superado e pela luta incessante que tem travado… tudo pela sua paixão pelo toureio. No último mês de Agosto, veio a Portugal tourear um festival (Açores) e uma corrida numa desmontável (Morais). A 1 de Outubro actuará finalmente na sua terra!
Transversal ao entusiasmo dos nossos aficionados pelos “cartéis mediáticos”, temos três matadores portugueses que lutam por oportunidades no seu país. E arrisco -me a afirmar que se encontram no melhor momento das suas carreiras, e que merecem (os três) que os empresários os chamem. Todavia, os aficionados, conscientes da sua responsabilidade  – porque ser aficionado não se cinge em ver todas as Feiras Taurinas no “sofá”– também se devem interessar por eles. Ir vê-los!

Para terminar, reconhecer também o mérito dos bandarilheiros portugueses. Claúdio Miguel e João Ferreira, a par de outros, na passada Quinta-feira, deixaram-nos orgulhosos pelo que são vestidos de prata!

Foto: João Silva

sábado, 2 de setembro de 2017

ONDE ESTÁ A NOSSA VERGONHA?
Por: Catarina Bexiga

A Arte é Universal, mas tem características próprias de cada país, de cada região, de cada cidade. Tal como já escrevi várias vezes, a Arte de Tourear a Cavalo é verdadeiramente portuguesa. É uma tradição transferida de geração para geração, construída ao longo dos séculos e aperfeiçoada no decorrer dos últimos 100 anos. Que nos deu reputação. Que nos deu crédito. Inclusivamente, além fronteiras. Falar de Portugal no que toca ao Toureio a Cavalo é falar da Pátria do Toureio a Cavalo.

Quem me conhece, sabe que “dou a cara” pelo nosso Toureio e que procuro, insistentemente, ter argumentos para o defender e promover. Conheço a nossa história e sei do que falo. Desde que surgiram as primeiras “alternativas espanholas” que vim a público condená-las. E faço-o, porque não quero ser conivente com uma situação que reprovo a 100 %. Pensei que tinham ganho vergonha, que se tinham orgulhado do sangue português que lhes corre nas veias, mas enganei-me… Depois das seis “alternativas espanholas” que mancharam a nossa história (João Moura Jr., Paulo Jorge Santos, Manuel Caetano, Marco José, Manuel Lupi e João Telles Jr.) ontem, em Mérida, Filipe Gonçalves tomou a alternativa (?) das mãos de Diego Ventura. Uma enorme falta de respeito, uma enorme falta de ética. Sabem o que significam estas duas palavras? Conhecem a nossa história? Ver um homem de casaca e tricórnio tomar uma “alternativa” em Espanha – que não é válida – serve para quê?

Que pena que tenhamos chegado a este ponto…

Foto publicada no facebook de Diego Ventura.

Quem me conhece, sabe que “dou a cara” pelo nosso Toureio e que procuro, insistentemente, ter argumentos para o defender e promover. Conheço a nossa história e sei do que falo. Desde que surgiram as primeiras “alternativas espanholas” que vim a público condená-las. E faço-o, porque não quero ser conivente com uma situação que reprovo a 100 %. Pensei que tinham ganho vergonha, que se tinham orgulhado do sangue português que lhes corre nas veias, mas enganei-me… Depois das seis “alternativas espanholas” que mancharam a nossa história (João Moura Jr., Paulo Jorge Santos, Manuel Caetano, Marco José, Manuel Lupi e João Telles Jr.) ontem, em Mérida, Filipe Gonçalves tomou a alternativa (?) das mãos de Diego Ventura. Uma enorme falta de respeito, uma enorme falta de ética. Sabem o que significam estas duas palavras? Conhecem a nossa história? Ver um homem de casaca e tricórnio tomar uma “alternativa” em Espanha – que não é válida – serve para quê? 
Que pena que tenhamos chegado a este ponto… 


Foto publicada no facebook de Diego Ventura.

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