quinta-feira, 30 de junho de 2016

ÉVORA: A REALIDADE “ABRE-ME” OS OLHOS…

Évora, 29 de Junho
Por: Catarina Bexiga

Custa-me dizê-lo. Custa-me admiti-lo. Mas a realidade “abre-me” os olhos. A Pátria do Toureio a Cavalo está rendida a dois espanhóis: Pablo Hermoso de Mendoza e Diego Ventura. Com eles não há crise. Pablo encheu ontem Évora e Diego encheu, há quinze dias, Alcochete. E não são propriamente novidade entre nós… Um e outro justificaram o dinheiro que o aficionado pagou pelo bilhete.

Pablo mostrou ontem duas “versões” da sua tauromaquia. Com o primeiro “passanha”, de comodas investidas, montado no Berlin, praticou o toureio que o catapultou para o mundo. Com classe, ligação e harmonia. Com o segundo do seu lote, um manso, com acentuada querença em tábuas, montado no Disparate, andou com disposição e enormes recursos. Duas actuações distintas, duas actuações de Figura.

João Moura abriu a noite com uma actuação ortodoxa, com o Zinco; e menos convincente com o quarto, com demasiada intervenção dos bandarilheiros, com o Colombo.

João Telles Jr. pôs em cena um toureio demasiado repetitivo, quer com o Equador quer com o Ojeda. Todavia, os resultados que alcançou com o último da função foram mais válidos.

Para os Amadores de Évora, a primeira parte da corrida deixou melhores recordações. Pegaram António Alfacinha, Gonçalo Pires e Manuel Rovisco, todos à primeira tentativa; seguindo-se Dinis Caeiro à quarta, João Madeira à terceira e João Oliveira à segunda.

A Pátria do Toureio a Cavalo precisa, urgentemente, de ser revista e recuperada. Estaremos a tempo?

Foto: João Silva

terça-feira, 21 de junho de 2016

Faleceu Mestre David Ribeiro Telles. Um nome que deixa saudade.

Por: Catarina Bexiga

A notícia chegou ao início da noite. Faleceu Mestre David Ribeiro Telles, com 88 anos de idade, na sua casa, na Herdade da Torrinha, vítima de doença prolongada. Natural de Almeirim, onde nasceu a 11 de Novembro de 1927, herdou do seu avô materno – David Luizello Godinho – o gosto pelos cavalos e pelos toiros, afición que manteve também por influência do seu pai e que mais tarde transmitiu aos seus filhos: João, António e Manuel, nomes que marcaram a história do Toureio a Cavalo em Portugal. David Ribeiro Telles teve como Mestres Fernando de Andrade e António Luís Lopes. Tomou a alternativa a 18 de Maio de 1958, na praça de toiros do Campo Pequeno. Percorreu todos os recantos do mundo taurino, exibindo a mais pura arte do Toureio a Cavalo. Teve ainda a felicidade de testemunhar a alternativa de dois dos seus netos: Manuel Telles Bastos e João Telles Jr.; e recentemente impulsionou também o início de carreira de António Telles Jr. (filho de António Ribeiro Telles) e Tristão Guedes de Queiroz (filho de Sófia Ribeiro Telles). Nas arenas, vestido de prata, viu também profissionalizar-se António Telles Bastos. O gosto pelos cavalos e toiros fê-lo manter até à actualidade, uma coudelaria e duas ganadarias. Alvo de enorme respeito e veneração de toda a afición, Mestre David Ribeiro Telles deixou-nos um legado importante. Descanse em paz!

domingo, 19 de junho de 2016

LISBOA E ALCOCHETE: A MESMA SENSAÇÃO

Lisboa, 16 de Junho /Alcochete, 17 de Junho 2016
Por: Catarina Bexiga

Hoje junto no mesmo apontamento algumas considerações sobre as corridas de Lisboa e Alcochete, porque de ambas trouxe a mesma sensação: a afirmação da imagem do Forcado e a reputação do Rejoneo na Pátria do Toureio a Cavalo.

LISBOA. Grande noite dos Amadores de Vila Franca de Xira na praça de toiros da capital. Uma história defendida com orgulho por todo o grupo. Um curro sério de Canas Vigouroux e seis forcados de cara com a mesma grandeza: Ricardo Castelo, Francisco Faria, Rui Godinho, Vasco Pereira, Ricardo Patusco e David Moreira.

Embalado pelo triunfo de Madrid, o rejoneador Andy Cartagena chegou a Lisboa avisado de que estava na Pátria do Toureio a Cavalo. E ainda que fiel à sua personalidade, foi o autor do toureio mais intencional da noite. Revelou noções dos terrenos e das distâncias e de forma simples fez com que dele nos dessemos conta.

Rui Salvador teve uma passagem paupérrima por Lisboa e João Telles Jr. praticou um toureio que nem sempre foi ao encontro do exigido pelos toiros.

ALCOCHETE. Noite de emoções fortes, com a despedida de um dos forcados mais importantes dos últimos tempos: Vasco Pinto, dos Amadores de Alcochete. Um forcado com maiúsculas. Pegaram ainda Manuel Pinto, António Manuel Cardoso “Néné”, Nuno Santana (o novo cabo) superiormente ajudado por João Pedro Bolota, Carlos Dias e Estevão Oleiro.

O rejoneador Diego Ventura teve em Alcochete uma noite memorável. Sobretudo quando montou Sueño. O seu toureio teve ligação, variedade, impacto. E beleza! Ninguém pode ficar indiferente às capacidades de um cavalo que está a marcar a actualidade. Grande noite!

Luís Rouxinol praticou um toureio “descaracterizado” em si e João Moura Caetano apenas convenceu no último do festejo. Os toiros (Paulo Caetano e Guiomar Moura), saíram nobres e fáceis, para que todos pudessem triunfar, mas… Para defender a Pátria do Toureio a Cavalo começa-me a faltar argumentos… Merece uma reflexão!

Foto: João Silva

segunda-feira, 13 de junho de 2016

CALDAS DA RAINHA: ANA VENCEU E PAULA SURPREENDEU

Caldas da Rainha 
11 de Junho 2016

Por: Catarina Bexiga

Embora a presença do homem prevaleça no mundo do toiro, a mulher conseguiu conquistar nas arenas o seu espaço. O presente e o futuro estiveram representados na arena das Caldas da Rainha. E se no Toureio a Cavalo, Ana Batista superiorizou-se pela entrega e valentia; no Toureio a Pé, a novilheira Paula Santos disse que ali existe madeira para esculpir. 
O primeiro de Veiga Teixeira saiu parado e a tarde começou com uma actuação discreta (no “Sultão” e no “Monforte”) por parte da cavaleira Sónia Matias.

No sorteio tocou a Ana Batista um manso, de investidas brutas. Um toiro de meter em sentido qualquer toureiro. Montada no “Roncal”, atenção à resposta dada pela cavaleira de Salvaterra de Magos: entrega, valentia, recursos e … muito mérito.

Mara Pimenta lidou o sobrero – o Veiga Teixeira mais pesado da tarde, mas o que revelou melhores condições. Para os curtos sacou o “Vigário”, e se o terceiro ferro foi bom, os resultados que se perseguiram foram mais intermitentes.

Inês Silva Carvalho teve pela frente um Santa Maria que a ajudou no seu labor. Confiante no “Gallito”, viu-se tranquila, logrando uma actuação positiva.

Pelos Amadores das Caldas da Rainha pegaram (todos à primeira tentativa) Lourenço Palha, José Abreu, João Oliveira e Francisco Rebelo de Andrade.
De Conchi Rios – que dias antes tomara a alternativa de matador de toiros em Ceheguin – esperava-se melhores formas. Mas os quatro anos que esteve parada pesaram…

Paula Santos, aluna da Escola de Toureio da Moita, contribuiu para que a tarde encerrasse com sabor. Pelo pitón direito, o de Falé Filipe investiu rebrincado, e surpreendeu a firmeza com que toureou. Pela esquerda, com o novilho mais humilhado, um par de naturais fizeram soar os olés nas bancadas. 

Fotos: Pedro Batalha

sábado, 4 de junho de 2016

LISBOA: COM "EL PANA" NO PENSAMENTO…

Lisboa
2 de Junho 2016

Por: Catarina Bexiga

Acabo de chegar de Lisboa e dizem-me que Rodolfo Rodríguez “El Pana” morreu. Há dias em que escrever sobre o que se passa na arena, não é tarefa fácil, e depois de confirmar a notícia, com menos vontade e menos ânimo fiquei…

“El Pana” construiu uma história de vida su generis, rompeu padrões, foi contestado, foi controverso… mas é um TOUREIRO irrepetível. Com uma tauromaquia muito pessoal – afirmava-se um emissário do passado – nunca lhe vimos duas faena iguais, era um TOUREIRO genial!

Combatendo a pouca vontade que tenho em escrever, a noite de Quinta-feira em Lisboa ficou marcada por uma enchente para ver Pablo Hermoso de Mendoza, João Moura Jr. e Lea Vicent.

Os toiros de Santa Maria justos de apresentação para o coso da capital, acusaram falta de raça, mas o segundo da ordem saiu ao gosto do rejoneador de Navarra. Com o Berlín colocou em prática a sua tauromaquia, com ligação e temple. Com o quarto, montado no Disparate, não houve tanta harmonia, mas a espaços Pablo fez a delícia do público.

João Moura Jr. não teve a sua noite em Lisboa. O seu lote foi reservado, mas o seu toureio, demasiado “pré-cozinhado”, levaram a muitas passagens em falso. As suas actuações não romperam…

Para de Lea Vicent a noite terminou melhor do que começou. As exigências dos nossos toiros colocaram a descoberto algumas limitações. Com o primeiro sentiu dificuldade em se acoplar às investidas, todavia com o segundo andou mais acertada.

Em praça estiveram dois grupos, cujos cabos se despediram da capital. Por Coruche foram caras Amorim Ribeiro (1.ª), João Peseiro (3.ª) e António Tomás (3.ª). Por Alcochete pegaram Vasco Pinto (1.ª), Fernando Quintela (2.ª) e João Machacaz (1.ª).



Foto: João Silva

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